O APRENDIZ E O MESTRE DESENHISTA
Em determinada província existia um mestre desenhista que produzia desenhos maravilhosos que encantavam a todos.
Certo dia, um jovem apresentou-se ao venerável mestre solicitando que lhe ensinasse esta linda arte, pois tal qual o mestre, também desejava enfeitar a vida com lindos desenhos.
O mestre, percebendo o potencial e o genuino interesse do jovem rapaz se prontificou de imediato ao mister do ensino exigindo uma única condição: o jovem aluno não teria permissão para apagar nenhum dos desenhos que fizesse. Ato contínuo, entregou-lhe o material que se constituia de uma folha alva como a neve, e de um lápis para desenho.
O jovem aprendiz se entregou ávido aos primeiros desenhos sob a observação atenta do mestre, pondo no papel o que lhe vinha à mente da forma que desejava.
Após alguns trabalhos, achando que estava desenhando a contento, resolveu comparar seu trabalho com os do mestre. Mas logo viu que nem de longe se igualavam.
Vendo o seu desapontamento, o mestre aproveitou a oportunidade para lhe transmitir as primeiras lições de desenho, já que na euforia inicial seu pupilo não deu atenção a necessidade de deter o conhecimento da técnica. As técnicas do traço, das sombras,das perspectivas...
A cada folha inutilizada pela imperícia do aprendiz, pacientemente, o mestre lhe dava nova folha para desenhar.
Os dias de aprendizado iam passando. O aprendiz reclamava que os seus desenhos não saiam como esperava e repetia os mesmos rabiscos anteriores nas folhas novas que o mestre, compreensivo, lhe entregava. Irritado, amassava a folha novinha que lhe fora entregue. Contrafeito, borrava a folha que tinha nas mãos. De outra feita, bradava ao mestre que queria ser um excelente desenhista como ele, no que o sábio mestre lhe dizia:
"- Desenhe novamente!".
Assim prosseguiu por longo tempo desperdiçando todas as oportunidades que eram concedidas para expressar a sua criatividade segundo as regras do bom desenho, sempre distraido da generosidade do mestre que lhe renovava os materiais e lhe relembrava as lições de desenho.
Assim foi até que, muito cansado e deslentado, perguntou ao mestre porque não se desenvolvia. O mestre apenas lhe lembrou das diversas lições e técnicas de desenho que sempre estiveram à sua disposição.
Resolveu aplicar timidamente algumas delas e viu, intrigado, o resultado. Os seus desenhos começaram a apresentar traços mais harmoniosos, coerentes e expressivos, mesmo no meio de rabiscos. Insistiu. Aplicou as lições ao invés de perder o seu tempo reclamando, repetindo os seus erros e disperdiçando material. A partir dai, seu desenhos foram se aprimorando cada vez mais. Já não reclamava, superava os seus erros recapitulando as lições aprendidas marcadas nas folhas anteriores. Refazia os desenhos cada vez mais belos em completo aproveitamento das novas oportunidades que seu mestre lhe dava quando lhe entregava satisfeito novas folhas.
Um dia, o mestre o chamou e lhe disse que já estava pronto. Havia deixado de ser um aprendiz. Seus desenhos já eram dignos de um Mestre.
A partir de então, podia seguir e ensinar a outros que estivessem prontos para enfeitar a vida com lindos desenhos.
Vanio Luiz Cachoeira Filho
(texto intuído em 24/02/2012)
Este texto nos remete a nossa colocação na escola da vida.
Você é um Mestre ou ainda é um discípulo?
Namastê

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