quinta-feira, 26 de julho de 2012



VIAJANDO....



Continuando a história de Kazuko.....

Levantei cedo e fiquei aguardando meu pai chamar.
Não precisei esperar muito tempo. Logo fui chamada para fazer a primeira refeição.
Meu pai já estava pronto para partir.
Despedi-me de minha mãe com um misto de tristeza e alívio. Tristeza por ter que deixá-la e alívio por sair daquele lugar.

Viajamos um bom par de horas e chegamos ao nosso destino ao anoitecer.

Fomos recebidos com amabilidades e após uma refeição frugal fui dormir.

Como estava muito cansada adormeci logo e nem os barulhos comuns de uma cidade grande me incomodaram. 

Você deve estar se perguntando por que não questionei essa nova situação com meus pais. Na realidade não seria correto para a sociedade da época que o pai fosse questionado de alguma atitude tomada. Outro detalhe é que sendo mulher me cabia a obediência sem nenhuma pergunta.

Na manhã seguinte procurei pelo meu pai, mas ele já havia partido.
Senti um pouco de medo e só então avaliei minha situação e tive vontade de voltar para casa.
Logo chegou uma senhora e veio conversar comigo.
Explicou-me que estava ali para estudar e aprender a arte de servir e agradar. Levaria algum tempo, mas logo poderia estar trabalhando no estabelecimento que possuíam.

Tinha então cerca de quatorze anos e vi meus sonhos sendo enterrados muito antes de acontecerem. Pensei que ia me libertar quando sai de casa, mas pelo contrário, foi a partir daí que fui aprisionada.

Os ensinamentos ministrados eram trocados por serviços caseiros. Assim se passou um ano, até que me consideraram pronta para trabalhar.

Quinze anos. Na flor da idade.





Teria que agradar, e servir os clientes da casa.

Entrei em desespero, chorei, implorei que me deixassem fora desse tipo de trabalho.

Explicaram que haviam pago um determinada quantia ao meu pai e que queriam agora o retorno do que haviam investido em mim. Entendi então que esperavam que eu satisfizesse os clientes em todos os aspectos que solicitassem.

No dia da minha "estreia" a expectativa era grande.

Já havia sido anunciado a novidade para os clientes, que sedentos disputavam a primazia de ser o primeiro.

Quando chegou o momento de ser apresentada a clientela me neguei a entrar na sala criando assim revolta nos meus patrões e frustração na clientela.

Fui punida e me colocaram num quarto nos fundos da casa e pelo tempo gasto comigo teria que pagar com trabalho sem nenhuma remuneração a não ser uma refeição diária.

Vivi assim até meus vinte seis anos, quando por estar debilitada e doente parti para uma outra dimensão.

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Esta vivência traz hoje para o espírito de Eva ( vamos chamar assim a pessoa que no passado foi Kazuko)  uma dificuldade em relacionamentos amorosos. 

Sempre que Eva inicia um relacionamento, ao chegar no dia do primeiro encontro Eva não comparece.Assim, até hoje, não conseguiu se relacionar com ninguém.

Há uma barreira na hora de ter o primeiro contato.

Eva está com atendimentos marcados, a fim de solucionar este problemas e outros também derivados da época em que viveu numa sociedade oriental

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Assim fica aqui mais um relato da influência do passado no presente.

Namastê

Sonia


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